O doce italiano mais antigo
Provavelmente é o doce italiano mais antigo, com origens comuns à ‘pastiera‘ napolitana. Ambas são constituídas por uma base de massa podre; a diferença entre as duas é que a ‘pastiera‘ napolitana é guarnecida com ricota de ovelha e fruta cristalizada, enquanto a ‘crostata‘, com a geleia; ambas são cobertas por tiras de massa podre cruzadas. As geleias de cereja e de damasco são as mais usadas para a ‘crostata‘, mas podem ser substituídas por geleia de outros tipos de fruta, por nutella, por creme de chocolate ou, também, por fruta fresca. Hoje em dia é preparada sobre apropriadas formas circulares onduladas na borda, ou também sobre simples bandejas retangulares. Lembro que por anos minha avó a preparava sobre antiga forma de cobre um pouco amassada nos lados, e a cozinhava no forno a lenha comunitário.
Aos vinte anos de idade, consegui em tempo solicitar sua receita secreta, para dar-lhe meu último adeus alguns meses depois…
As ‘crostatas‘ que existem hoje nas confeitarias têm as bordas onduladas, as tiras de massa que a cobrem são colocadas de maneira equidistante e também essas podem ter as bordas levemente onduladas; parecem quase perfeitas. A ‘crostata‘ que minha avó preparava, ao contrário, não era perfeita, tinha bordas grossas e irregulares, com as tiras de massa em formato desigual, e a geleia às vezes esparramava pelos lados. Gosto de fazê-la exatamente
assim, da forma antiga, como a preparava minha avó, mesmo que tenha adaptado a receita para o uso de um forno moderno a gás ou elétrico.
Vamos ver a receita da crostata da minha avô.
A rainha que nunca sorri
A lenda conta que, no século XVII, o marquês De Rubis teve um acidente com a carroça numa de suas frequentes viagens a Nápoles para visitar a família real dos Burbons. Foi obrigado a pedir ajuda e hospitalidade a uma família de agricultores, que o fizeram provar uma fatia de ‘crostata’. Era tão boa que o marquês a comeu inteira e quis saber a receita. Quando chegou a Nápoles, na Corte dos Burbons, foi à cozinha e preparou pessoalmente a ‘crostata’ para o rei. Foi um sucesso clamoroso, tão grande que a mulher do rei Ferdinando II de Burbon, Maria Teresa Isabella d’Asburgo, chamada de “a rainha que nunca sorri”, voltou a sorrir depois de tê-la degustado.
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